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sexta-feira, novembro 16, 2007

Crianças trabalhando em carvoaria


Assentados da reforma agrária derrubam árvores e produzem carvão em uma área de 5,7 mil hectares de mata nativa no município de Nova Andradina, no sudeste de Mato Grosso do Sul, a 347 quilômetros de Campo Grande. E o pior: há crianças trabalhando nas carvoarias.

A floresta, com formações de cerrado denso e remanescentes de mata atlântica, constitui a reserva legal da Fazenda Teijin, de 28,5 mil hectares, desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No local, foram assentadas 1.067 famílias do Movimento dos Sem-Terra (MST) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri).

É uma das poucas áreas de mata que restam numa região devastada pela atividade agrícola e pecuária. Isso não impediu que 187 famílias de sem-terra invadissem a reserva. Elas demarcaram os lotes, abriram clareiras para instalar seus barracos e, agora, queimam a madeira para produzir carvão. Muitas deixaram lotes no assentamento para se instalar na mata e explorar a nova atividade.

O lote do assentado José Pedro de Jesus, de 54 anos, tem dois fornos em plena atividade. Os meninos Cristiano Lagos, de 11 anos, e Adanilson Alves Souza Jesus, de 14, retiram o carvão da fornalha e amontoam para esfriar. O produto será ensacado e vendido nas margens da BR-267, que corta a fazenda, por R$ 40 o metro cúbico. “Estamos esperando o preço melhorar”, disse Adanilson.

Os dois garotos tinham faltado à aula para mexer com o carvão. Eles estudam na escola do Distrito de Casa Verde, o núcleo urbano mais próximo. Cristiano cursa a 3ª série e Adanilson está na 5ª.

Fonte: O Estado de São Paulo - segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Comentário
Como o Brasil poderá competir tecnologicamente com outros países enquanto as nossas crianças pobres não tem acesso a educação básica adequada (escola, alimentação e tempo para estudar) e quando tem só sabe escrever o próprio nome. São crianças espalhadas no território brasileiro pedindo esmolas, trabalhando em carvoaria, quebrando pedra ou cortando madeira. São crianças que entram precocemente em contato com atividades insalubres ou perigosas.
Cerca de 8,8 milhões de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, trabalham no país.
Dado da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar) de 1995 indicam que o número de crianças entre 5 e 14 anos que trabalham chega a 3,8 milhões.
Essa realidade contraria artigos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e Convenção 138 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que vetam o trabalho para menores de 14 anos. O campo abriga a maioria dos trabalhadores. Mais da metade das crianças entre 10 e 14 anos que trabalham estão na agricultura.

posted by ACCA@3:03 PM