Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

terça-feira, maio 31, 2016

Lembrança: Tornado em Florianópolis

Em 23 de março de 2006, quinta-feira à noite, um tornado que durou pouco mais de dez segundos, atingiu o norte da ilha de Florianópolis, deixando um rastro de destruição. 

CENÁRIO
A chuva, seguida de ventos, começou por volta das 23 horas e ganhou intensidade rapidamente. O tornado arrancou árvores inteiras do chão. Um automóvel foi virado de cabeça para baixo. Postes também foram afetados e toda a região ficou sem luz. Moradores relataram que o chão tremeu durante a passagem do tornado

CONFIRMADO - TORNADO
Segundo Clóvis Levien Corrêa, meteorologista do Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia) de Santa Catarina, o fenômeno é considerado um tornado pelas suas características. Ele sobrevoou a área atingida na sexta e disse que as árvores, caídas tanto para o norte como para o sul, são um indicativo. "Há outros fatores relatados pelos moradores, como nuvens girando e o barulho, um assovio como o de uma turbina."

GRAU DE DESTRUIÇÃO DO TORNADO – CATEGORIA 1 E 2
Os danos estruturais foram severos e em construções muito sólidas. Como não há anemômetro na região atingida, não é possível determinar a velocidade exata alcançada pelo vento. Entretanto, internacionalmente, a intensidade dos tornados é apurada a partir da análise dos danos. Por se tratar de uma análise subjetiva, apesar de estar baseada em critérios objetivos, é natural que existam divergências quanto à magnitude de um evento. No caso do fenômeno que atingiu a Praia do Santinho e a favela do Siri em Ingleses, a MetSul Meteorologia considera que o tornado tenha sido um F2 na escala de Fujita que vai de 0 a 5.
A grau de destruição parcial ou total de construções   muito sólidas numa área muito bem definida ao norte de Florianópolis é consistente com vento próximo ou acima de 200 km/h.
Além disso, pesa para a conclusão em torno da classificação como um F2 o fato de um veículo parado ter sido arrastado pelo vento e, ao final, ter parado com as rodas viradas para cima.

Um estudo intitulado Wind Speeds Required to Upset Vehicles de autoria de Thomas W. Schmidlin e Bárbara O. Hammer (Ohio Kent State University), Paul S. King (Boyce Thompson Institute, Ithaca, Nova York) e L. Scott Miller (Kansas Wichita State University) analisou os danos provocados por tornados em automóveis e a correlação com a magnitude do vento.
Foram estudados 291 episódios de tornados e realizadas simulações em túneis de vento. Conforme os pesquisadores norte-americanos, muito dificilmente um tornado F1 consiga virar um carro. Tal situação ocorre em alguns casos em eventos F2 e se torna comum a partir da categoria F3.

Os danos em alguns pontos da região afetada, portanto, são condizentes com um tornado F2 com vento apresentando velocidade até mesmo superior aos 200 km/h. Entretanto, é vital salientar, a intensidade de um tornado assim como a sua trajetória é errática, sendo muito provável que algumas áreas da zona atingida tenham suportado vento menos intenso e dentro da margem de um F1. Mesmo na nova Escala Aprimorada de Fujita (EF), que passou a ser utilizada em caráter operacional pelo NOAA nos Estados Unidos em fevereiro passado, os danos registrados em Santa Catarina são consistentes com um tornado no limite das categorias 1 e 2.

DANOS  INICIAIS
Segundo a Defesa Civil, 37 casas foram totalmente destelhadas. Outras tiveram parte da estrutura danificada. Foram afetados os bairros dos Ingleses e do Costão do Santinho, considerados dois dos mais nobres da capital.

TESTEMUNHAS DO EVENTO
A corretora de imóveis Glecy Maria Fedrizzi, teve a casa atingida pelo tornado. "Moro há dez anos aqui , (no Costão do Santinho) e nunca vi nada igual. Foi muito rápido e muito violento. As telhas ficaram fora do lugar, e são de barro, pesadas. Meu portão foi arrancado."

De acordo com ela, no entanto, os estragos não se comparam aos causados "as casas cinco, seis ruas à frente". "O vento derrubou tudo. As casas foram para o chão mesmo."



CHOQUE ENTRE AR QUENTE E AR FRIO CAUSA FENÔMENO
Santa Catarina é alvo de fenômenos naturais como o tornado ocorrido devido à sua localização: uma região de encontro de ventos quentes, provenientes da região central do país e do Norte, com massas frias vindas do Sul. É a avaliação do meteorologista Clóvis Levien Corrêa, do Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia) de Santa Catarina. Neste ano, já é a segunda vez que um tornado destelha casas no norte da ilha. Ciclones extratropicais também causaram destruição em locais isolados do Estado. Além disso, Santa Catarina costuma registrar temporais de granizo, vendavais e, no verão, se depara com a seca. "Ultimamente, tem ocorrido temperaturas bastante elevadas. E as águas do Atlântico, das correntes das Malvinas, vêm até Laguna. Além de termos a corrente brasileira mais quente. Tudo isso influencia."

METEOROLOGISTA DIZ QUE FENÔMENO NÃO É PREVISÍVEL
Danos provocados pelo tornado em Florianópolis
 (Imagem: Clóvis Correa/CIRAM)
Tornados ocorrem em condições violentas de tempestade. Os ventos correm em diferentes direções dentro de um redemoinho. A força centrífuga joga o ar para longe do centro, deixando no meio um miolo de baixa pressão. Nesse miolo, os ventos podem alcançar 500 quilômetros por hora ou mais. Em cima, ele é esbranquiçado, mas, na parte de baixo é escuro, devido às partículas que carrega e os destroços de pedras, árvores e até mesmo pedaços de carros e prédios.

"O fenômeno é relacionado diretamente à tempestade e ocorre normalmente de forma localizada", explica o meteorologista Clóvis Corrêa. Ele informa que não é possível prever tornados. "Mesmo em países que possuem equipamentos sofisticados a tarefa é complicada."

FLORIANÓPOLIS DECRETA SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
A prefeitura de Florianópolis decretou situação de emergência. Dados preliminares da Secretaria Municipal de Habitação apontam um prejuízo que ultrapassa os R$ 600 mil.

BALANÇO DOS DANOS
Imagem de arquivo de tornado ocorrido à noite sobreposta
 sobre a área afetada pelo tornado a partir da 
imagem de satélite do Google Earth. Foto - MetSul          
O tornado deixou mais de 100 casas destelhadas e 21 tiveram perda total. Dezessete famílias estão alojadas na sede do Conselho Comunitário da Praia dos Ingleses. Não houve vítimas.
As residências atingidas ficam na Praia do Santinho e na favela do Siri, em Ingleses.
Cerca 171 residências ficaram sem energia elétrica porque o temporal danificou um transformador  de distribuição. A energia só foi restabelecida às 5h.

TORNADOS NO SUL DO BRASIL
O tornado de Ingleses foi um dos mais intensos no Sul do Brasil recentemente, aliás o mais importante desde o tornado que arrasou a cidade de Muitos Capões no norte do Rio Grande do Sul no final de agosto de 2005.

Foi o segundo evento tornádico a atingir Florianópolis  em 2006. Na tarde de 2 de janeiro de 2006, vinte e seis casas da Barra do Sambaqui foram danificadas quando uma tempestade e um tornado de pequeno porte atingiram a região. Telhas e coberturas se desprenderam dos telhados, permitindo a entrada da água da chuva e o alagamento das residências.
A tampa de uma caixa d’água ficou presa junto a um poste. O tornado começou no vale, conforme o secretário de Defesa Civil, Francisco Cardoso. Em seguida, subiu para o morro e passou por cima da igreja, arrancando a cobertura da casa paroquial. Após, desceu para a outra ponta do morro, onde atingiu algumas residências. Chuva de granizo precedeu o tornado, como é comum nestes eventos.

Registros de tornados e trombas d'água em Santa Catarina nos últimos anos

Tornados
Tromba d'água
1999 - Joinville e Forquilhinha
2000 - Florianópolis e Itapoá
2002 - Piçarras
2003 - Palhoça
2004 - Xanxerê
1996/1999/2002 - São Francisco do Sul
2005 - Criciúma (duas vezes), Florianópolis (duas vezes) e Itapoá
2005 - São Francisco do Sul (três vezes)
2006 - Florianópolis


Fontes: @ZR; Agência Folha - 24/03/2006; Diário Catarinense- 25 de março de 2006; A Noticia – Florianópolis, 25 de março de 2006; Folha de São Paulo - 25 de março de 2006  

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sexta-feira, maio 27, 2016

Multinacional paga R$ 3 milhões para encerrar ação movida pelo MPT

Respondendo ação de danos morais coletivos proposta pelo Ministério Público do Trabalho, uma multinacional preferiu fechar acordo com os procuradores e pagar R$ 3 milhões para encerrar o processo. O dinheiro da companhia, que fabrica vagões de trem, vai para instituições indicadas pelo MPT, que deverão ser sem fins lucrativos e com relevante interesse social.
O acordo foi assinado no Centro Integrado de Conciliação de primeiro grau, no Fórum Trabalhista de Campinas, no último dia 26 de abril, em audiência conduzida pela juíza Francina Nunes da Costa, da Vara do Trabalho de Hortolândia, e pela juíza Ana Cláudia Torres Vianna, diretora do FT e coordenadora do CIC 1 de Campinas. A empresa se comprometeu a pagar os R$ 3 milhões em 20 parcelas de R$ 150 mil cada

EMPRESA PROCESSADA
A empresa foi processada por supostamente negligenciar a saúde dos trabalhadores de sua linha de produção na fábrica de Hortolândia, os quais teriam apresentado;
■ doenças ocupacionais em grande escala,
■ além de outros problemas de jornada excessiva e
■ discriminação no ambiente de trabalho. A empresa foi alvo de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, que aplicou um total de 34 multas por desrespeito à lei trabalhista.

IRREGULARIDADES
As irregularidades apontadas pelo MPT;
■ desde a falta de medidas de segurança coletiva, especialmente aquelas voltadas à proteção de máquinas e à diminuição dos riscos de queda, até sérios problemas de ergonomia (postura),
■ um dos problemas mais graves apontados pelos fiscais era a prática de subnotificação de acidentes de trabalho por não emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), inclusive em casos de suspeita de acidente ou doença com nexo no trabalho, exigida por lei.
■ as investigações também apontaram para jornadas de trabalho irregulares, com trabalho aos domingos e feriados e para a ocorrência de assédio moral a membros da Cipa, por conta das denúncias enviadas por eles ao sindicato da categoria. Dos seis eleitos, quatro foram suspensos por 30 dias sob a alegação de terem cometido “faltas graves”. Em seguida, foram demitidos.

TOTAL DE IRREGULARIDADES
No total, foram acordados 24 itens a serem cumpridos pela multinacional norte-americana em prazos distintos, sob pena de multas que variam de R$ 5 mil por dia de atraso até R$ 50 mil por constatação de descumprimento, considerando a natureza de cada obrigação.

RECLAMAÇÃO TRABALHISTAS
O juízo da Vara do Trabalho de Hortolândia, com a orientação do Centro Integrado de Conciliação do 1º Grau (CIC 1), aproveitou a oportunidade e apontou 27 reclamações trabalhistas em que a Amsted Maxion figura como ré naquela circunscrição, sendo que a empresa se comprometeu a fazer propostas de acordo em todas elas.

OBRIGAÇÕES
Entre as obrigações relativas à saúde e segurança do trabalho que devem ser cumpridas pela multinacional norte-americana estão:
■ o fornecimento de equipamentos de proteção aos empregados;
■ a proibição de usar equipamentos de forma improvisada;
■ a emissão de CAT em caso de suspeito e confirmação de acidente ou doença ocupacional;
■ o correto armazenamento de cilindros de gás;
■ a emissão de atestados médicos;
■ a manutenção de máquinas e pisos;
■ a instalação de bancos de descanso;
■ a realização de análise ergonômica do local de trabalho;
■ a instalação de bancadas no setor de pinturas;
■ e a instalação de sistema de exaustão que evite a respiração de “fumos metálicos” por soldadores e garanta a saúde de pintores na operação de mistura manual de tintas, dentre outras.

JORNADA DE TRABALHO
Quanto ao item jornada de trabalho, a empresa concordou em conceder período mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre duas jornadas de trabalho, além de abster-se de prorrogar a jornada normal além do limite de duas horas, e de manter empregado trabalhando aos domingos, feriados (nacionais ou religiosos) sem prévia permissão da autoridade competente e sem a ocorrência de necessidade imperiosa de serviço.
Fonte: @ZR, Portal TRT 15 - 19/05/16; Assessoria de Imprensa do MPT; Processo 0001145-64.2012.5.15.0152.

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terça-feira, maio 24, 2016

Anatomia do desastre – Incêndio no túnel Palermo-Punta Raisi

RESUMO
No dia 18 de março de 1996 ao longo do túnel rodoviário Palermo-Punta Raisi, Itália, um caminhão tanque transportando 2.500 litros de GLP envolveu-se em acidente. O caminhão foi atingido por um ônibus, cuja parte superior penetrou  na traseira do caminhão,  provocando vazamento do gás e em questão de minutos pegou fogo. As labaredas do GLP  aquecia internamente o tanque e causou um “Bleve” (Boiling liquid expanding vapour and explosion” que significa: explosão do vapor líquido em ebulição, onde o líquido se evapora rapidamente, transformando se em vapor e se inflamando). No momento do acidente, havia 22 carros e um microônibus no túnel, além do ônibus causador da colisão, com um total de 50 pessoas.
O tempo de demora entre a ignição do gás e a explosão permitiu que numerosos passageiros escapassem. Entretanto, cinco pessoas morreram queimadas e 25 com ferimentos graves (queimaduras). Dez pessoas apresentaram queimaduras superficiais e outros traumas.

Foram analisados os seguintes aspectos:
■A dinâmica do acidente
■A dinâmica da operação de resgate
■Acompanhamento das vítimas com queimaduras graves tratadas no Hospital para Queimaduras, na cidade de Palermo

O desastre do túnel de Palermo, com terrível dinâmica, confirma a tese que o único caminho para neutralizar a impossibilidade de predizer esse tipo de acidente é através  de uma ação de coordenação de um plano de emergência para todos os níveis, desde a população em geral, médicos, enfermeiros, grupos de voluntários, defesa civil, policia, bombeiros, etc, que devem ser treinados adequadamente, com campanhas educativas para prevenir desastres de incêndio em túneis.
Este acidente, o primeiro caso descrito de um “Bleve” no meio ambiente restrito e fechado, pode fornecer informações valiosas para estudo e discussão no intuito de buscar soluções,  avaliação das operações e treinamento, com vista à execução de um plano de preparação de desastre com maior segurança.

CENÁRIO DO DESASTRE
O túnel com 148 m de comprimento, com sentido de mão única de direção para Punta Raisi – Palermo. No meio do túnel,  há uma curva para direita de 25 graus. A pista possui uma inclinação da esquerda para direita para facilitar o escoamento de água para o sistema de drenagem. A uma distancia de 100 metros da entrada do túnel, há sinais de tráfego, limitando a velocidade no túnel
em 80 km/h. O túnel não possui avisos de emergências (painéis que informam ao motorista sobre quebra de veículos ou colisão ou sinais de perigo). Próxima à entrada do túnel há sinais advertindo motorista sobre a presença de radares.
Paralelo ao túnel existe outro com mesmo comprimento e com sentido contrário de tráfego (figura 1). Eles estão interligados por uma passagem de 5 m por 10m. O túnel está a 10 km de Palermo e 7 km do aeroporto de Punta Raisi . As saídas mais próximas da rodovia são : Carini, Capaci e Isola delle Femmine. As cidades mais próximas com hospitais são :
■Carini – distante 4 km,  com um pequeno hospital
■Palermo – distante 10 km, com  hospital especializado em queimaduras e os hospitais de emergência de Villa Sofia e G. Cervello.

Diariamente aproximadamente 40.000 veículos trafegam em cada sentido da estrada, atingindo o pico na época de verão e algumas vezes ao dia (acima de 10.000 veículos por hora). No momento do desastre (14h30min), o tráfego estava intenso, com  muitas pessoas retornando das regiões próximas em direção à  cidade ou vice versa. Naquele instante, havia vários ônibus escolares e inúmeros vôos charter tinham aterrissado no aeroporto de Punta Raisi.
Os dois túneis paralelos, envolvidos no desastre. O fogo estava no túnel à direita

DINÂMICA DO DESASTRE
No dia 18 de março de 1996 estava chovendo na região. Cerca de 14h 30 min, devido à pista estar escorregadia ou devido à velocidade excessiva, um carro derrapou e bateu no guard-rail e capotou na pista. Outros veículos atrás, incluindo um microônibus envolveram‑se no acidente e o túnel ficou bloqueado (seis veículos envolvidos). No instante do acidente, aproximava o caminhão tanque transportando 2.500 litros de GLP. 

O motorista conseguiu parar o caminhão sem provocar colisão. Ele imediatamente acionou o pisca alerta para avisar os demais veículos sobre o perigo na pista. Entretanto, um ônibus com 14 pessoas a bordo, não estava tão próximo, mas o motorista não conseguiu controlá‑lo, derrapando para esquerda e batendo violentamente no caminhão tanque. Imediatamente, após a batida do ônibus, sucessivas colisões foram ocorrendo. Dezenove  carros, um microônibus, um ônibus de passageiros e um caminhão tanque estavam parados no túnel com cerca de 50 pessoas.

Reconstituição do desastre no túnel
1 – ônibus bate e derrapa para esquerda e bate no caminhão
2 – caminhão tanque parado
3 – passagem de interligação
4 – local da primeira batida, que obstruiu a pista e provocou o desastre

O impacto entre o ônibus e o caminhão tanque foi violento. Como resultado, havia vazamento de gás do tanque devido ao dano provocado na parte superior, que rompeu (testemunhas notaram uma névoa branca de vapor acima do tanque). Após segundos, de acordo com informações de testemunhas, houve a primeira explosão. Provavelmente, devido à ignição da nuvem de gás, provocada por alguma fagulha de um motor em funcionamento ou devido ao contato com o motor quente  ou com a mistura do ar mais o gás. As testemunhas disseram que foram envolvidos por uma bola de fogo que causou queimaduras horríveis nas partes expostas do corpo, sem causar muito dano nos veículos, onde estava a maioria das pessoas.

O fogo envolveu principalmente o ônibus de passageiros, que se incendiou.. O motorista, mais tarde, informou que ele viu de repente uma nuvem negra e um grande “flash” no lado externo do ônibus e gritou imediatamente aos passageiros para se moverem para trás. Ele não conseguiu a abrir a porta do ônibus. Alguns passageiros quebraram o vidro traseiro e escaparam.

O túnel estava completamente envolvido por uma fumaça negra e muito provável cinco pessoas que estavam à esquerda do ônibus, não conseguiram escapar da fumaça. O fogo continuava  alimentar a queima de gás, que escapava do tanque. Após 6 a 7 minutos, quando a maioria conseguiu escapar do túnel (exceto para as quatro pessoas que não conseguiram escapar da fumaça, os corpos foram encontrados completamente carbonizados e um foi encontrado entre o caminhão tanque e o ônibus), ocorreu uma tremenda explosão com chamas violentas com fumaça negra e ondas de choque para as saídas do túnel e também para o túnel adjacente.

A segunda explosão foi provavelmente um caso de “Bleve” causado pela ação direta do calor do tanque. Isto poderia conduzi à ebulição do gás líquido, devido à formação de mais gás e o aumento de pressão e como conseqüência, o rompimento do tanque, com vazamento de GLP ainda em estado líquido, que imediatamente evaporou. A nuvem  de gás e o pequeno vazamento de GLP podem pegar fogo imediatamente, causando a explosão do tanque .

COMO OCORRE O BLEVE ?
Um Bleve ocorre quando há ruptura de um tanque sob pressão.
Mas que fenômeno físico ocorre?
Para compreender o fenômeno, devemos levar em consideração os seguintes fatores:
1-A pressão interior do reservatório
2-Quando o reservatório está aquecido, há um aumento de pressão no seu interior.
3-Quantidade de líquido
Quando o reservatório está aquecido, a substância em seu interior se transforma do estado líquido em estado gasoso. Há uma diminuição da quantidade de líquido no reservatório, aumentando bruscamente a temperatura bem acima do ponto de ebulição.
4-Superfície exposta
O líquido no interior do tanque pode absorver uma parte do calor das paredes do reservatório e diminui a velocidade de seu enfraquecimento. Porém a quantidade de líquido diminui e a superfície do reservatório, exposta e sem defesa, aumenta a sua temperatura.
5-Resistência material do reservatório
A superfície  do reservatório superaquece gradativamente, a resistência do reservatório diminui cada vez mais. A 400o C  o aço perde 30% de sua resistência . A 700o C o aço perde 90% de sua resistência. 
Em geral a superfície do reservatório superaquece e perde suas propriedades mecânicas, levando à ruptura. Quando a pressão interior aumenta além do que pode suportar o tanque, ele se rompe e o Bleve  ocorre. É  preciso igualmente compreender quanto menor o tanque, mais rapidamente ocorrerá o Bleve, devido à facilidade de aquecimento, a pressão aumentará no seu interior e as paredes do tanque enfraquecerão.

O Bleve pode ocorrer em pequenos reservatórios

Dimensões do reservatório
Tempo de resistência do reservatório antes que ocorra o BLEVE
400 litros
 3 – 4 minutos
4000 litros
 5 – 7 minutos
40.000 litros
 8 – 12 minutos
Fonte : Université Queen’s, Kingston – Ontário – Canadá –  A.M. Birk – pesquisador
Pesquisa financiada por Transport Canadá, direction du transport dês marchandises dangereuses – 1996

As conseqüências do BLEVE são as seguintes:




BOLA DE FOGO
Se o conteúdo do tanque é inflamável, há nesse caso uma ignição da substância e o resultado será uma bola de fogo. Dos ensaios experimentais efetuados com reservatório contendo propano foram produzidas bolas de fogo com as seguintes características:

Dimensões do reservatório
Raio da bola de fogo
400 litros
18 metros
4000 litros
38 metros
40.000 litros
81 metros

Fonte : Université Queen’s, Kingston – Ontário – Canadá –  A.M. Birk – pesquisador
Pesquisa financiada por Transport Canadá, direction du transport dês marchandises dangereuses - 1996

É igualmente  possível que uma substância não se inflame, após o BLEVE e se disperse sob a forma de nuvem na direção do vento. Ela pode se inflamar, subitamente, a qualquer momento, com conseqüências catastróficas. Se o conteúdo do reservatório não é inflamável (por exemplo, um cilindro de oxigênio líquido) não haverá bola de fogo.

RADIAÇÃO TÉRMICA
Se uma bola de fogo for gerada durante o BLEVE, uma importante radiação térmica será produzida. Os intervenientes devem respeitar as distancias mínimas em relação ao reservatório a fim de evitar a radiação. Esta distancia é estabelecida quatro vezes o raio da bola.

Dimensões do reservatório
Raio da bola de fogo
400 litros
Mais ou menos 90 metros
4000 litros
150 metros
40.000 litros
320  metros

Fonte : Université Queen’s, Kingston – Ontário – Canadá –  A.M. Birk – pesquisador
Pesquisa financiada por Transport Canadá, direction du transport dês marchandises dangereuses - 1996

ONDA DE CHOQUE
O Bleve sendo uma explosão é acompanhada de uma detonação e deslocamento de ar.
A única maneira de não ser afetado pela onda de choque é manter se afastado mais longe possível do local da explosão. Respeitando as normas mínimas de aproximação,  os intervenientes permanecem fora de alcance dos efeitos da detonação.

PROJEÇÃO  DE FRAGMENTOS
Uma das conseqüências mais perigosas do Bleve é a projeção ou lançamento de fragmentos ou estilhaços. A única constatação que os testes podem estabelecer em face de projeção de fragmentos é que estes são impulsionados principalmente para o lado das extremidades do reservatório. Esta projeção é tão imprevisível  e poucas vezes atingem grandes proporções. Mas nesses ensaios, os fragmentos podem atingir a cerca de 230 metros  do local do BLEVE. Um acidente que ocorreu no Texas – USA, os fragmentos foram encontrados a mais de 1 quilômetro.  É necessário lembrar, mesmo que os intervenientes respeitem as distancias mínimas de aproximação , os fragmentos podem atingi los. A melhor solução é  portanto proceder à evacuação para uma zona estabelecida como segura a 22 vezes o raio da bola de fogo.

Dimensões do reservatório
Raio de evacuação
400 litros
400  metros
4000 litros
800 metros
40.000 litros
1800 metros

Fonte : Université Queen’s, Kingston – Ontário – Canadá –  A.M. Birk – pesquisador
Pesquisa financiada por Transport Canadá, direction du transport dês marchandises dangereuses - 1996

Em resumo, as conseqüências de um BLEVE são devastadores. A melhor solução de se proteger dos seus efeitos é afastar quanto mais longe possível.

Análise de vulnerabilidade

■Danos físicos: avaliação de morte e ferimentos
   Causas predominantes: radiação térmica,  onda de choque e efeitos tóxicos
■ Danos materiais: danos a equipamentos, instalações, etc
   Causas predominantes: ondas de choque e radiação térmica

Após exames de quatro pedaços do tanque encontrados após o desastre, foi confirmado que a explosão ocorreu no interior do tanque, na parte central ( fig. 3a, 3b e 3c)


O fogo propagou-se por todo o túnel e foi finalmente extinto pelos bombeiros após duas horas (fig. 4a, 4b, 4c e 4d)

O Bleve durou 5 a 6 segundos alcançando a temperatura de 1000º C. Testemunhas disseram que após a colisão entre os veículos, o fogo iniciou em um dos veículos (o motorista do caminhão tanque disse que tentou extingui‑lo com extintor). Seis ou sete minutos mais tarde, quando os sobreviventes deixaram o túnel, houve uma segunda grande explosão, com grandes chamas, uma
grande onda de choque e também uma fumaça negra,  em direção às saídas do túnel e também no outro túnel (Bleve).

SITUAÇÃO DO HOSPITAL ESPECIALIZADO EM QUEIMADURAS NO MOMENTO DO DESASTRE E A PREPARAÇÃO DO PLANO DE EMERGÊNCIA
O Centro para Queimadura de Palermo possui 12 camas para cuidados intensivos,  18 camas para pacientes com queimaduras menos sérias, para convalescença ou para pós operatório e, adjacente, o centro de operação de  emergência . O centro está localizado no segundo piso de um novo edifício,  no  qual o primeiro andar é ocupado pelo centro de operação plástica (com 50 camas). Na unidade de terapia intensiva (UTI) as camas estão localizadas aos pares, em seis alas, cada uma delas,  climatizadas com unidades autônomas.
Cada paciente é monitorada visualmente através de uma estação de enfermagem por meio  de circuito de TV.

O monitoramento das demais funções do paciente é também centralizado e controlado por uma estação de enfermagem.
A unidade de terapia intensiva (UTI) é cercado por um corredor externo, de onde os visitantes podem ver os pacientes através de janelas e conversar por intercomunicadores. Essa área é auto-suficiente, tem laboratório para análise química e farmácia. Por um  elevador pode se acessar o centro de operação. Oito camas da UTI ocupam a outra metade do andar.

No terceiro andar localiza se o complexo operacional para funcionamento do departamento.
Há também uma sala de operação para tratamento de queimadura  e duas salas de operação para as atividades de operação plástica.
No térreo é o setor de emergência, com duas salas de operação de emergência, escritório e biblioteca. O centro de reabilitação se localiza no subsolo.
Utilizando equipamentos de alta tecnologia, o Centro para Queimadura de Palermo é reconhecido como um dos mais modernos da Itália.
As  14h 40 min o Centro para Queimadura  foi alertado para a possível chegada de inúmeras vítimas de queimaduras  (Tabela I)
Tabela I – Seqüência cronológica do desastre e esforços do resgate
14: 15 min
Inicia o engavetamento de veículos no túnel
14 : 25 min
O ônibus colide com o caminhão tanque
14: 26 min
Primeira explosão e ignição  da nuvem de gás 32 queimados e feridos
14: 30min
Parte dianteira do ônibus pega fogo
14: 32min
Polícia chega ao local e avisa ao comando geral
14: 36 min
Bleve
14: 37 min
Corpo de Bombeiros, polícia, hospital especializado para queimadura, outros hospitais e serviços de emergência são alertados
14: 40 min
Os feridos com menos gravidade são levados pela policia e por veículos particulares para os hospitais mais próximos (Carim - 4 km, Cervello - 7 km)
14: 45
Mais três carros da policia chegam ao local e os feridos são levados aos hospitais mais próximos
14: 50 min
Duas ambulâncias chegam ao local
14: 55min
Mais de dez ambulâncias chegam ao local e também o Corpo de Bombeiros
Primeira ambulância do Centro para Queimadura de Palermo chega ao local ,seguidas de outras ambulâncias
15: 40 min
Primeira ambulância chega ao Centro para Queimadura
Centro com dois pacientes
15: 45min
Mais dois pacientes  chegam ao Centro
15: 50 min
Mais sete pacientes chegam ao Centro
15: 55 min
Mais cinco pacientes chegam ao Centro
16: 30 min
Mais dois pacientes chegam ao Centro e são dispensados após medicados
17: 00
Mais dois pacientes chegam ao Centro e são dispensados após medicados


18: 15 min
Mais dois pacientes com queimadura, envolvidos em outro acidente
(explosão de cilindro de gás), chegam ao  Centro
19: 00
Mais dois pacientes com queimaduras e feridos chegam ,provocados por acidentes de fogueira
Ao todo, 24  pessoas com ferimentos chegaram em 4 horas e 20 foram hospitalizados. Desses 20 feridos, 16  eram do desastre no túnel

Logo que as notícias do desastre chegaram no Centro para Queimadura (14h50min), o plano de emergência para tal evento foi colocado em execução. Naquele momento havia três médicos em serviço no departamento e outros médicos foram chamados. O chefe do departamento foi comunicado imediatamente e outros seis médicos foram colocados em sobreaviso. Os  leitos dos setores de Unidade Terapia Intensiva e pós-operatório foram colocados à disposição.  As chefes das enfermeiras foram avisadas e os grupos de enfermagem foram reforçados.

Todas as roupas esterilizadas  em conjunto com outros equipamentos necessários para utilização em pacientes foram transferidos do departamento para o Centro para Queimaduras.  A farmácia do hospital foi instruída para agilizar o envio de medicamentos básicos para pacientes com queimaduras. O pronto socorro do hospital foi instruído para agilizar o procedimento necessário para admissão dos feridos e atendimento dos primeiros socorros (profilaxia).
Dos quatro médicos em serviço no pronto socorro, dois permaneceram no local e outros dois foram deslocados para o centro para queimaduras.
As 15h 40 min chegaram os dois primeiros pacientes (sendo um deles, com cinqüenta por cento do corpo com queimaduras e outro com apenas quinze por  cento). Ambos tinham queimaduras na face, mãos e outras partes do corpo. Eles foram levados imediatamente para o Centro para Queimaduras. Eles disseram, que inalaram gases quentes e fumaça. Os pacientes foram examinados para checar o grau de queimadura. O tratamento médico foi iniciado imediatamente.
Às 17h 30min, todos os pacientes (16)  foram examinados e efetuados exames clínicos.

DISCUSSÃO   
Sobre a análise básica dos fatores que combinaram para causa o acidente, isto é, a colisão inicial e sua conseqüência (engavetamento), o tipo de explosão (Bleve), o lugar onde o acidente ocorreu (túnel), o número de pessoas envolvidas (mais de 50) e a operação resgate (imediata, situação de emergência), podemos efetuar as seguintes considerações:

1.O engavetamento no túnel bloqueou considerável quantidade de veículos (22) e pessoas (mais de 50) no meio ambiente fechado e pessimamente iluminado.

2. Todos as pessoas permaneceram próximas ou no interior dos respectivos veículos, esperando o tráfego se mover novamente. Ninguém pensou em sair do túnel, pois estava chovendo. Ninguém considerou a paralisação total do tráfego.

3. Ao longo do túnel, próximo à metade, entre os carros bloqueados na pista estava um caminhão tanque transportando 2.500 litros de GLP.

4. As pessoas perceberam o iminente risco somente após a primeira explosão, com a ignição da nuvem de gás e a visão das chamas envolvendo a parte superior do ônibus.

5. A ignição do gás, as testemunhas descreveram como uma rajada de vento quente, causando queimaduras graves nas partes expostas do corpo (rosto e mãos) em 14 pessoas, algumas distantes do foco inicial, porém sem causar nenhum dano aos veículos. Muito provável, como o dia estava frio e chuvoso, as pessoas estavam usando agasalhos,  que evitou  danos mais graves no corpo. (Figs 5a, b, c, d)


6. As duas pessoas gravemente queimadas foram o motorista do ônibus e do caminhão tanque, que estava muito próximo do fogo. O motorista do ônibus foi a última pessoa a deixar o veículo, pois estava ajudando os passageiros; o motorista do caminhão tanque, inicialmente percebeu o tráfego parado, viu o ônibus se aproximando e desgovernado,  moveu se em direção à saída, mas estava envolto em chamas.

7. Após a primeira explosão, todas as pessoas tiveram tempo suficiente para escapar do túnel em direção a uma das duas saídas, numa distancia máxima de 70 m do centro do túnel.

8. O Bleve foi extremamente violento, ocorrendo não mais do que 6 a 7 minutos após a primeira explosão (todas as opiniões concordaram com isso) e os danos físicos comprovaram esse efeito (cinco corpos foram  totalmente carbonizados). O dano ao túnel foi considerável. A onda de choque enviou fumaça direta para a galeria de conexão com outro túnel adjacente, que ficou totalmente enegrecido. Tudo que estava no túnel, onde o BLEVE ocorreu ficou totalmente  destruído. Lembramos que 1 kg de gás líquido produz 500 litros de gás, que misturado com o ar, torna-se altamente explosivo.

9. O serviço de resgate e de emergência foi rápido e efetivo. O carro patrulha em serviço na estrada  acionou inicialmente o alarme,  comunicando ao quartel central e ao serviço de emergência e resgate, que alertou o Centro para Queimaduras e dois outros hospitais em Palermo. O serviço de emergência também foi alertado pelos motoristas através de celulares.

10. As pessoas com ferimentos leves foram levados para  o hospital em Carini (distando 4 km) e outros hospitais mais próximos em Palermo.

11. Várias pessoas ajudaram a polícia,  comunicando ou entrando em contato com os familiares e amigos das vítimas.

12. As primeiras  ambulâncias (4) chegaram ao local em 35 minutos e outras (10) demoraram mais de 45 minutos. As chegadas das ambulâncias foram facilitadas  pelas proximidades das cidades à estrada.

13. Dezesseis feridos foram levados para o Centro para Queimaduras de Palermo. Não  havia atendimentos básicos  durante o trajeto.

14. O primeiro paciente em estado grave chegou ao Centro em 70 minutos após o acidente e o último no máximo em duas horas. Após duas horas e trinta minutos, os feridos graves estavam recebendo no hospital tratamento adequado.

15. O Centro para Queimados foi capaz lidar com a chegada de inúmeras vítimas, devido à existência de um plano de emergência, que foi testado  em várias ocasiões e principalmente do grau de conhecimento e estado de preparação do plano de emergência  para desastre por parte das equipes médicas e de enfermagem.
Fonte: @ZR, Annals of Burns and Fire Disasters , 1997  - Fire disaster in a motorway tunnel-Masellis Michele., laia A., Sferrazza G., Pirillo E., D'Arpa N., Cucchiara P., Sucameli M., Napoli B., Alessandro G., Giairni S.; Divisione Chirurgia Plastica e Terapia delle Ustioni, Ospedale Civico, Palermo, ltaly


Conclusão :
Não há dúvida, que o desastre de incêndio que ocorreu no túnel da rodovia Palermo-Punta Raisi, houve uma combinação de fatores circunstanciais, fortuitos e sorte e tudo isso limitado ao número de vítimas. Tal episódio fornece informações direcionadas  à análise e formulação de hipóteses, avaliação de resultados e treinamento contínuo em busca de melhor nível de preparação do plano de emergência .

No acidente de Palermo, por exemplo, estava presente o Bleve em meio ambiente fechado e reduzido (extensão túnel), que poderia ter conseqüências catastróficas se o túnel fosse mais extenso e se as pessoas não tivessem tempo para escapar.

Outro aspecto é a prevenção de cargas perigosas. Explosões de tanques de GLP têm causado vários desastres em diferentes partes do mundo e uma análise dessa dinâmica tem conduzido para numerosas medidas no plano internacional para regulamentação de materiais altamente perigosos. Entretanto, os acidentes continuam ocorrer e a causa mais comum é a colisão.

Tem sido proposto que os caminhões tanques deveriam ser obrigados a seguir uma rota especial, todavia, se um acidente ocorresse,  o meio ambiente circunvizinho sofreria considerável dano. É indispensável que todo país ou estado ou cidade tenha  planos de emergência para esse tipos de desastres e que esses planos conduzam  à  melhoria do nível técnico em geral, à preparação logística e também à preparação  da comunidade. É extremamente importante que esses planos não permaneçam apenas no papel, mas sejam continuamente testados na prática,  reforçados  por cursos e atualização de informações, envolvendo especialistas, médicos,  enfermeiros, organizações  voluntárias, bombeiros, polícia e público em geral.

Comentário :
Este artigo focalizou, de maneira objetiva, a dinâmica de desastre em túnel, desde o seu início (colisão e engavetamento),  até a  primeira explosão e a corrida das pessoas para alcançarem a saída do túnel, que era por sinal um túnel pequeno e finalmente o Bleve. Tudo isso em questão de minutos.
E no Brasil, especificamente no Estado de São Paulo, temos as rodovias Anchieta e Imigrantes, com vários túneis ao longo do percurso, por onde transitam diariamente inúmeros caminhões transportando produtos altamente perigosos.
Se ocorresse um acidente em um dos túneis, envolvendo incêndio e explosão comum em caminhão tanque transportando GLP líquido ou outro tipo de produtos inflamáveis, as empresas responsáveis pela administração da rodovia em conjunto com as autoridades públicas, teriam um plano de emergência  para atender esse tipo de desastre ?
E os hospitais especializados em queimaduras  teriam leitos suficientes para atenderem esse tipo de desastre?
Os hospitais estariam preparados para atenderem simultaneamente inúmeras vítimas?
Os hospitais teriam planos de emergência para esse tipo de situação ?

Os acidentes ocorrem e sempre ocorrerão. Portanto, os responsáveis deverão estar preparados com um plano de emergência definido, envolvendo todos os setores da comunidade, desde a população em geral, médicos, enfermeiros, grupos de voluntários, defesa civil, policia, bombeiros, etc, que devem ser treinados adequadamente,  incluindo campanhas educativas para prevenir desastres em túneis.

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posted by ACCA@7:00 AM

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