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terça-feira, maio 23, 2017

Paiol da Imbel, fábrica de material bélico explode

Um paiol da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) de Juiz de Fora, Minas Gerais,  explodiu e se incendiou na noite de terça-feira, 16 de agosto de 2016. No momento da explosão, que ocorreu por volta das 23h, não havia ninguém no paiol, que fica distante da área fabril da empresa. A apuração sobre as causas da explosão ficará a cargo do Exército Brasileiro.
O local foi monitorado por um drone do Exército e foram feitas ações de segurança e controle para evitar o risco de propagação.  

VÍTIMAS
Segundo o 4º Batalhão dos Bombeiros Militares (BBM), não houve registro de feridos e mortos. 



DANOS MATERIAIS NA CIRCUNVIZINHANÇA
A explosão causou prejuízo a moradores de diversos pontos da Zona Norte da cidade, que tiveram portas, janelas e outras estruturas de suas casas danificadas. Além do Bairro Araújo, onde fica a empresa e há muitas pessoas afetadas pelo incidente, há registro de estragos nos bairros Nova Era, São Judas Tadeu, Santa Cruz, Nova Benfica. Em Benfica, a explosão destruiu vidros de uma agência bancária na Praça Jeremias Garcia e também de diversos outros comércios e moradias. Trechos da Avenida Juscelino Kubitschek ficaram tomados por estilhaços de vidros.
Engenheiros da Defesa Civil e funcionários da Imbel cadastraram e vistoriaram casas vizinhas da fábrica. Segundo a assessoria da Defesa Civil, foram 166 casas cadastradas, apenas com avarias e sem risco estrutural.

DESESPERO NOS PRIMEIROS MINUTOS
A onda de choque causou danos em várias residências e alguns veículos. A explosão quebrou vidros de janelas de casa e de carros, além de deslocamento de telhas e danos em portas no entorno da fábrica, no Bairro Araújo.
Os moradores apavorados, alguns deixaram suas casas e foram para locais distantes do ponto. Quem permaneceu no bairro saiu para a rua e foi em busca de informações sobre o ocorrido. Apenas por volta de 1h, após checar a real situação, é que o Exército se pronunciou.

Quase todos os moradores da Rua Coronel Ancino Nunes Pereira tiveram prejuízos. Um deles, Tarcísio Ribeiro, estava deitado quando as telhas de amianto se quebraram e caíram pedaços de tijolo no cômodo. “Na hora, não sei nem o que pensei, foi um susto enorme. Eu ia mudar minha cama de lugar, e ia cair exatamente em cima de mim, foi livramento.”

Os tijolos que quebraram as telhas da casa de Tarcísio foram arremessadas do segundo andar da residência vizinha. O dono deste imóvel, o aposentado Adolfo Gonçalves, contou que assistia a um jogo de vôlei pela TV com sua esposa quando ouviu o estrondo. “Na hora pensei que fosse uma bomba, parecia que meu terraço estava sendo arrancado. A minha cobertura tinha tijolos vazados em cima do beiral, eles foram arrancados. Além disso, tive janelas quebradas e porta danificada. Estamos com medo de ficar aqui, mas não tem como sair e deixar a casa toda aberta”, disse.

Na mesma rua, a moradora Maria Rosângela, que também teve muitos prejuízos em seu imóvel, relatou que, no momento da explosão, as ruas do bairro viraram um caos. “Ninguém sabia o que tinha acontecido, foi uma correria na rua, todos apavorados. A gente não sabia de onde tinha vindo o barulho, parecia que um trator tinha invadido minha casa. Foi horrível”, disse, acrescentando que ela e o marido estavam fazendo obras na casa, e uma das coisas trocadas foram os vidros das janelas e portas que se quebraram.

 “Foi um grande susto. A nossa preocupação é se teve algum abalo estrutural em alguma residência, é o que estamos mais preocupados, se houve algum dano, se alguma casa está comprometida e se tem risco de algum telhado ruir, coisas desse jeito”, explicou o subsecretário de Defesa Civil, Márcio Deotti.

BOMBEIROS
Bombeiros do 4º Batalhão com 12 bombeiros e 05 viaturas, foram acionados para atender a ocorrência.

DANOS MATERIAIS NA EMPRESA
Um paiol com munições ficou totalmente destruído.
Um segundo paiol ao lado do primeiro teve o seu telhado danificado.
Um terceiro paiol ao lado deste, nada sofreu. Os paióis são separados por uma barreira composta por terra, o que possibilitou a preservação dos outros dois.
Um depósito de materiais químicos teve um princípio de incêndio, o qual foi prontamente debelado pelos bombeiros. Neste depósito havia cerca de 36 bombonas com ácido sulfúrico, sendo a maioria apresentou  vazamento, porém o material  ficou contido na bacia de contenção. Será realizada a retirada por empresa especializada.


1-O paiol de numero 1, onde estavam as granadas em processo de montagem, foi o atingido pelo fogo. Ainda não se sabe o que teria iniciado o incêndio. Além deste paiol, um depósito com ácido sulfúrico foi parcialmente danificado pelas chamas.
 2- O espaço onde ficam armazenados os insumos para a fabricação de munições é formada por sete depósitos e três paióis. Trata-se de uma área de segurança, com acesso restrito, na margem esquerda do Rio Paraibuna.
3- Fábrica



CAUSA
O assessor da Imbel, coronel Malbatan Leal, explicou que a distribuição física de paióis e depósitos é uma medida para minimizar impactos em caso de explosão, como a que houve nesta quarta-feira e que, por enquanto, o Exército não antecipa causas.
“São várias possibilidades, mas seria prematuro falar alguma coisa. A área dos paióis e do depósito da fábrica fica afastada fisicamente da área de circulação de pessoas. E caso haja uma explosão, como houve, a onda de choque sobe e por isso é possível ser observada de outros bairros. Houve estilhaços de materiais frutos da onda de choque. Os paióis existentes foram isolados”, explicou.
Até o momento, o Exército não informou quais materiais estavam guardados no paiol afetado e destacou que não havia necessidade dos moradores vizinhos deixarem as suas casas.

NOTA DA EMPRESA
“Por volta das 23:00h de 3ª feira, 16 de agosto, ocorreu uma explosão no paiol nº 1 da Fábrica de Juiz de Fora, sem a ocorrência de vítimas. A equipe de controle de danos da fábrica e o Corpo de Bombeiros isolaram a área e realizaram o rescaldo do incêndio gerado pela explosão. A instalação localizada em área afastada de locais de circulação de pessoas e da área urbana destina-se ao armazenamento de explosivos, cujas condições de temperatura e umidade são permanentemente controladas.
 A despeito da intensidade da explosão, o projeto de construção do paiol, em conformidade com as normas técnicas vigentes, fez com que ela se desse de forma verticalizada e que a onda de choque resultante fosse contida pela existência de uma barreira de terra circundante. Foi determinada a abertura de inquérito técnico-administrativo interno a fim de apontar as causas do acidente.
A IMBEL está tomando as medidas necessárias ao restabelecimento da normalidade e tranquiliza a população Juiz de Fora, assegurando que todos os requisitos de segurança previstos para as atividades de suas unidades de produção são rigorosamente cumpridos. Por fim a empresa reitera o seu firme compromisso com a segurança dos seus empregados, das comunidades circunvizinhas e do patrimônio sob sua responsabilidade”.
Também por meio de nota, a Imbel voltou a afirmar que não houve feridos na explosão. Segundo a empresa, os danos causados às moradias estão sendo levantados.

HISTÓRICO DE ACIDENTES
Já foram registrados três acidentes na Indústria de Materiais Bélicos (Imbel), antes chamada de Fábrica de Estojos e Espoletas de Artilharia do Exército (FEEA).
Em 5 de março de 1944, 14 pessoas, sendo 11 mulheres e três homens, morreram em uma explosão no paiol 4 da fábrica.
Dois anos depois, em 1946, dois operários morreram quando munições velhas explodiram, ao serem desmontadas.
Em  24 de janeiro de 1984, uma explosão no reservatório de ar comprimido matou o operário Paulo Roberto Marques Coragem, 32 anos, e feriu outro funcionário. O acidente ocorreu por volta das 10h, na Central de Ar Comprimido da Imbel.

INTERDIÇÃO DA FÁBRICA
Os auditores da Gerência Regional do Trabalho de Juiz de Fora decidiram pela interdição da fábrica da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), no Bairro Araújo. A decisão ficará em vigor até a administração tomar providências para garantir a segurança dos 270 funcionários. As atividades no local estão suspensas desde a explosão de um paiol há uma semana, que causou danos materiais em dependências da indústria e em imóveis vizinhos.

De acordo com o auditor José Miguel Campos Júnior, a empresa já foi notificada da interdição, que foi definida na segunda-feira, 22 de agosto, após a análise do relatório das vistorias feitas até a última sexta-feira (19).

"A fábrica possui 92 edificações e todas precisaram ser vistoriadas, não apenas o local do incidente. Por isso que o laudo foi finalizado nesta segunda. Foram determinadas providências técnicas para que a indústria volte a manter trabalhadores no local. Uma parte da interdição diz respeito às edificações, porque algumas foram comprometidas", explicou.
A interdição é por tempo indeterminado porque cabe à empresa resolver os problemas e pedir uma nova vistoria. "A Imbel precisa apresentar uma solicitação do levantamento de interdição, que pode ser total ou parcial. A partir disso, os auditores voltam ao local para analisar o que for pedido pela empresa", afirmou.

Ainda segundo ele, outros detalhes da interdição não podem ser divulgados por envolver o sigilo referente à natureza da atividade da fábrica, que é a produção de material bélico.

O assessor da Imbel, coronel Malbatan Leal, confirmou a entrega do termo de interdição no fim da tarde de segunda-feira e disse que as providências estão em andamento. "Estamos definindo o planejamento do cronograma, mas ainda não há prazo. O objetivo é retornar à normalidade, atendendo ao rigor que confira segurança para todos. A interdição veio de encontro à decisão do chefe da fábrica de suspender as atividades, o que indica uma convergência de interesses dos envolvidos", afirmou.

A princípio, a meta será solicitar a suspensão parcial da interdição, segundo o assessor. "Houve áreas mais impactadas do que outras, que vão demandar mais tempo de reparo. Por isso, provavelmente será priorizado o retorno parcial das atividades", explicou.

INQUÉRITO CIVIL VAI APURAR FALHAS NA SEGURANÇA DA IMBEL
O Ministério Público do Trabalho (MPT) quer saber quais falhas ocorreram para que o sistema de armazenamento de explosivos da Indústria de Materiais Bélicos do Brasil (Imbel) se tornasse inseguro. Esse é um dos questionamentos que deverão ser respondidos no inquérito civil instaurado um dia após o incidente de 16 de agosto que resultou na explosão do paiol de número 1, onde havia centenas de granadas em processo de confecção. Até agora, os dados não apontam para participação humana no episódio, embora a própria fábrica não descarte nenhuma hipótese, inclusive a de incêndio criminoso. Ontem o procurador do MPT, José Reis Santos Carvalho, e cinco auditores fiscais da Gerência Regional do Trabalho voltaram a entrar na empresa para inspecionar o local.

“O objetivo é avaliar as medidas que estão sendo adotadas para que o meio ambiente do trabalho possa voltar a ser saudável, garantindo a segurança dos trabalhadores”, afirmou, logo na entrada, o procurador José Reis.

O auditor fiscal do Ministério do Trabalho, José Miguel Campos Júnior, informou que essa é a terceira inspeção do órgão na Imbel e que a intenção é verificar o que está sendo realizado de mudanças na área afetada, já que parte das 92 edificações da fábrica sofreu danos com a violência do impacto provocado pela explosão. O auditor disse ainda que o processo envolvendo a recuperação de áreas e a adoção das normas exigidas pelo Ministério do Trabalho é lento. No caso do inquérito civil, o Ministério Público do Trabalho tem até um ano para conclusão, mas pode terminar antes do prazo.

MATERIAL EXPLOSIVO É TRANSFERIDO PARA UNIDADE DO EXÉRCITO
Começou na segunda-feira, 5 de setembro,  a transferência dos materiais explosivos da Imbel, em Juiz de Fora. Essa é uma das exigências para que a fábrica volte a funcionar depois da explosão..
O trânsito próximo a Imbel foi controlado para que os caminhões com o armamento pudessem sair. Eles levaram materiais explosivos e munições semi-acabadas que estavam nos paióis 2 e 3 da indústria. Os veículos foram escoltados até o campo de instrução do Exército, que também fica na zona Norte da cidade.

“O transporte será feito tendo em vista a característica do material, que tem que ser separado. No destino final no Exército também serão colocados [os materiais] em paióis diferentes, então é uma logística especializada”, explica o assessor da Imbel, Coronel Malbatan Leal.

As munições ficaram comprometidas depois da explosão que aconteceu no paiol 1. A transferência era uma das exigências para a reabertura parcial da unidade interditada pelos auditores da Gerência Regional do Trabalho em Juiz de Fora.
Malbatan destacou que o local é adequado e seguro. "É uma área da companhia do 4º Depósito de Suprimento, específica e isolada com estrutura apropriada para armazenar munição. Será completamente seguro, sem oferecer riscos aos moradores", garantiu.

Após a transferência, a próxima etapa será o reparo dos danos causados pela explosão.
"A retirada dos materiais dos demais paióis era uma das condicionantes colocadas pelo Ministério Público do Trabalho, com propriedade, para o início das obras de engenharia necessárias. Nosso objetivo é, reunindo as condições de segurança, corrigir os pontos apontados no termo de interdição e entregar os laudos solicitados para conseguir a liberação parcial do funcionamento", explicou coronel Malbatan Leal.

De acordo com ele, a meta é liberar primeiro a parte administrativa. No entanto, ainda não há uma previsão porque depende do andamento das obras, das emissões de laudos e de novas vistorias do Ministério do Trabalho e MPT.
"É um trabalho gradativo, que depende do cumprimento de todos estes processos. Deste acidente, vamos tirar todas as lições para reforçar ainda mais nossas normas de segurança", afirmou.

RESSARCIMENTO DOS MORADORES
A empresa já começou a ressarcir os moradores que tiveram prejuízos com a explosão. Até o dia 31 de agosto, já tinham sido ressarcidas 59 das 279 pessoas que reclamaram.

EMPRESA
A Imbel é uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Defesa, em função de sua natureza, já que fabrica produtos estratégicos destinados a defesa e segurança do país. Ela não faz parte da estrutura organizacional do Exercito, embora seja o seu principal cliente. Por ser uma empresa pública, ela é dependente do orçamento da União.
Além da unidade da Zona da Mata, a Imbel também está presente no Rio de Janeiro (RJ), Magé (RJ), Itajubá (MG) e Piquete (SP). A fábrica de Juiz de Fora foi inaugurada em 1938, mas já funcionava em 1937.
A empresa tem tecnologia própria para a fabricação de materiais de emprego militar, com qualidade assegurada por Certificado de Sistemas da Qualidade e Serviços Pós-entrega para Material Bélico Aeroespacial, foguetes e munições de 40 a 155 milímetros e suas embalagens.
No local, são produzidas munições para morteiros 60, 81 e 120 milímetros, para canhões de 90 milímetros e para obuseiros 105 e 155 milímetros; motor foguete SBAT 70 M4B1 e cabeças de guerra AP e AC.

IMBEL DIVULGA RELATÓRIO PARCIAL EM 19/09/2016
A explosão de um dos paióis pode ter sido causada por instabilidade química de componentes de munições armazenadas na empresa. De acordo com o assessor da Imbel, Coronel Malbatan Leal, dentre as hipóteses investigadas, a causa mais provável para o acidente seria uma ação de natureza química.

“Para excluir algumas hipóteses e apresentar um diagnóstico das causas, o pessoal especializado da fábrica elaborou um relatório, porém, é um documento preliminar, pois os resultados de exames laboratoriais ainda não estão finalizados”, ressaltou o assessor. Ainda não há prazo para divulgação do resultado desses exames, que está a cargo de um grupo especializado da empresa.

Segundo Assessoria de Comunicação Institucional da fábrica, foram destacadas as medidas adotadas pela empresa para a prevenção de acidentes, como o recolhimento das munições não detonadas às instalações preparadas, das munições que não oferecem risco, das que foram parcialmente danificadas com a explosão e a realização de uma varredura na área do incidente e nas imediações.

Os materiais explosivos e as munições semi-acabadas que estavam nos paióis 2 e 3 da indústria foram transferidos para o campo de instrução do Exército, no Bairro Nova Era, em Juiz de Fora, no início deste mês. Essa é uma das exigências para que a fábrica volte a funcionar depois da explosão

IMBEL DIVULGA RELATÓRIO FINAL 20/109/2016
O resultado confirmado foi o de “instabilidade química do material”, de acordo com o assessor de comunicação da unidade, Coronel Malbatan Leal.
Um relatório preliminar foi divulgado no dia 19 de setembro e apontava que a causa mais provável para o acidente seria uma ação de natureza química.
O documento será encaminhado ao Ministério do Trabalho, para que eles venham até a fábrica e verifiquem a situação, afirmou Leal.

Fonte:Tribuna de Minas - 17 de agosto de 2016;Tribuna de Minas - 17 de agosto de 2016; O Tempo - 17/08/16; Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - Qua, 17 de Agosto de 2016; G1 Zona da Mata-17/08/2016; G1 Zona da Mata-23/08/2016; G1 Zona da Mata-05/09/2016; G1 Zona da Mata-20/09/2016; G1 Zona da Mata-11/10/2016

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